Por mais que nos esforcemos, acontece, às vezes, de a inspiração fugir.
Uma folha, duas, um montão se amontoa na lata de lixo, ou ao seu redor.
Cada uma preenchida com o esboço de uma idéia, frases claras, desconexas, todavia, entre si.
Diante de tal buraco negro duas são as alternativas. Abandonar a tarefa ou sair em busca de mais papel.
Felizmente, mesmo que parássemos por ali, o universo, ao nosso redor continua seu movimento.

Se, contudo, o trabalho em questão vai além da elaboração de um relatório, uma tese final, ou mesmo um conto,
Aquilo que precisa tomar forma, fazer sentido, mostrar harmonia, é a própria vida.
Mas o que conseguimos é somente tentativa e o erro, tentativa e o erro. Nada parece se encaixar.
Vendo diante de nós a impossibilidade de “pedir para o bonde parar”, pois queremos descer, a saída é pensar melhor.
Cabe aqui uma ponderação sábia do apóstolo Paulo, que nos ensina não terem fim a fé, a esperança e o amor (I Cor 13).
Melhor será, então, que apanhe uma folha em branco, talvez um novo dia, e recomece, esquecendo o que ficou nas outras.